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Agosto 2.019 nº 22
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AL SERVICIO DE LA PAZ Y LA CULTURA HISPANO LUSA
A R R E P I O S Virginia Branco
Escalei a montanha sentindo as correntes que me prendiam a ti ! Elos permanentes do sonho que foi divina ilusão !
Mas com a nossa realidade brincámos lá no cume e construímos na neve acesa paixão.
Senti os calafrios dos ventos gelados, cortantes! Deixei de te ouvir, senti solidão! Quando por fim senti arrepios;
Despi a armadura, retirei a malha e com asas dormentes desci a montanha.
Caí desfeita na poalha, gemendo de dor e frio nas entranhas !
Alma Lusitana Autor: Euclides Cavaco
Refrão Somos Lusitanos Senhores de oceanos E das caravelas. Somos Lusitanos De reis soberanos E mil aguarelas. Somos Lusitanos Da história que em anos Tem mais de oitocentos. Somos Lusitanos Do mar veteranos Nos descobrimentos !…
Somos povo somos raça Da Terra que o mar abraça Nessa Europa Ocidental Somos a seiva e a raiz Desse mais belo país Que se chama Portugal… Refrão Somos dom, somos vontade Inventamos a saudade Que é tão nossa e nos ufana Somos gente portuguesa Que mantém viva e acesa Essa chama Lusitana…
Refrão
TEMPO DE SORRIR Cleide Canton Arranca o gosto amargo, destempera o excesso de amargor, desesperanças, e viva, sem temor, as mil nuanças dos tempos qu’inda restam. Acelera! Refaça teus acordes sem cobranças dos erros cometidos, nova é a era. O canto se reveste de quimera em tons e semitons que tu alcanças. Liberta-te da fera que reprime anseios desgastados. Qual o crime de amar e perceber-se ainda amada?
É tempo de sorrir pois a alegria abraça o teu viver sem fantasia. Desperta! Eu te sei enamorada!
«A poesia nasce na alma de quem a concebe e debuta nos sentimentos que desabrocham no peito de quem a abraça».
ROSA DE OUTONO Regina Coeli
«A magia que adorna a criação» Envolve em tons a Vida esfuziante, Sempre tão bela em cada seu instante, Não lhe importando o nome da estação.
Se a rosa louvo e canto em oração Por ser perfeita e, em pétalas, fragrante, Também eu sei… seu tom apaixonante Vai esmaecendo até no coração…
Ter sido eu rosa nos verões dourados E ter-me aberto em intensas primaveras, Foi só um brilhar entre mil tons mesclados…
Mas ser qual rosa, fênix em quimeras De invernos e de outonos desbotados, Ah, ri-se a sábia rosa e diz: «Quiseras!…»
POEMA DA MINHA DESPEDIDA Regina Carvalho
Um dia, quando chegar a hora da minha despedida E eu tiver que ir embora Mesmo que eu sinta profunda tristeza Prefiro não te olhar e te ver chorar!
Queria que a minha despedida fosse como a da tarde em analogia ao dia Dando espaço à minha lua para enfeitar a noite Que depois renunciaria seu lugar ao sol
Para iluminar e aquecer um novo dia Queria que minha despedida Tivesse a leveza de um botão abrindo em flor Com cor e perfume para alegrar um coração
O meu coração onde um dia você se plantou Queria que minha despedida Deixasse em teu coração um lindo jardim Com rosas, margaridas, orquídeas e jasmins
Plantadas por mim com meu jeito doce de gostar de ti Queria que minha despedida pudesse ser como a calmaria da água do mar Tranquila, serena, sem marear
Onde eu possa com a nau da minha alma navegar… Sem sustos, sem medos, sem dúvidas,,, Queria que minha despedida Fosse como a correnteza macia dos rios
Que ao encontrar seu destino, o mar amoldam o sal do mar ao doce do seu rorejar. Desmanchando todas as tristezas e mágoas Que acaso existirem
Queria que minha despedida Fosse como a lua ao despedir-se do sol Tal como o dia se despede da noite Como as estrelas se vão, apenas deixando de brilhar
Mas elas, sempre a brilhar estarão lá Queria que você, ao se despedir de mim Ficasse em silêncio. Não falasse nada. Não dissesse nada… Pois Amado, eu vou apenas deixar de brilhar
E transformar-me em puro silêncio Na certeza que permanecerei latente, Eternamente viva no teu coração Queria que na minha despedida
Pudesse ir simplesmente como fui Como fui toda a minha vida… Simplesmente… Mas deixando de mim a esperança De quem sabe que, em breve dia
Estarei embalando meu sonho em fantasia E nós possamos um novo encontro ter Lá no céu… Naquele azul infinito Eu, você, a lua… E a poesia
COUSAS QUE A MENTE TECE Eugenio de Sá
Narra-me o sonho a prece inenarrada Solta-se a crença subjugada ao tredo Há pombas brancas voando no nada Povoado de sombras e de medo.
Enquanto se espreguiça a madrugada E o sol tem seus alvores no horizonte Acorda a alma toda alvoroçada Que temerosa está que eu a confronte.
Cousas que a mente tece, intrigante Enquanto a gente pasma ao desvario Deste cruzar d’augurios, delirante.
Mas quantos seixos vão rolar no rio Sem que nada aconteça novamente E quantas noites mais, com este frio?
UM DONO A MAIS – Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros
A poesia que me dou, nunca me basta… ela me afasta do meu próprio sofrimento, meu pensamento se renova no momento em que a dor do sofrimento é mais nefasta.
O sentimento não precisa de arremate, razão nenhuma nos incita à rebeldia, porém se a mágoa nos põe fora de combate, nosso resgate vem em forma de poesia.
O medo arrasta a solidão durante a queda da esperança, para dentro do abandono, mas o amor é alegoria que se enreda na emoção de um coração que não tem sono.
Por um momento, o riso veste-se de pranto, se há desencanto, é necessária a abstração, que Inventa sonhos, ensaiando um novo canto sob a regência de uma nova inspiração.
É assim que um verso faz da página, o caminho, no desalinho de uma ideia que se enfeita, porque ela é feita do motor que faz… sozinho… o burburinho da emoção que a deleita.
A poesia que me dou é minha tua… veste-lhes roupas adequadas para a festa da emoção… pobre de mim, torno-a nua e se a releio, a solidão é o que me resta.
Porém se a tenho por perfeita companhia, nunca estou só, porque nas horas de abandono, é que eu confesso a esta amiga, a alegria… ou a tristeza de ser dela… mais um dono.
DIA DOS PAIS Ary Franco (O Poeta Descalço)
Nossos primeiros passos foram dados, Segurando firme tua mão, lá presente. Nas horas difíceis jamais foste ausente. Seguimos teus exemplos deixados,
Este 11 de agosto a ti é dedicado. Pelos teus filhos és homenageado. Feliz daquele que irá te abraçar, Pena do que só poderá de ti lembrar.
O legado de teus conselhos sábios. Todos saídos através de teus lábios. Neste dia estamos contigo abraçados. Até hoje somos alvo de teus cuidados.
Eternamente, desde nosso nascimento, Ficamos acostumados com tua presença. Por tudo que és, receba este agradecimento, Pois, ter-te conosco é a nossa recompensa. MEU PAI Choro até hoje por tua triste partida. Partida amarga, dolorosa despedida. Nunca mais pude conversar contigo. Saudades de ti, meu pai, meu amigo!
PRESENTE DE DEUS Amilton Maciel Monteiro
Pouco me importa que ela seja torta, ereta ou encurvada, qual espinha; quer seja muito esguia, ou até baixinha, mas seu conjunto todo é o que me importa!
Quer nasça na floresta ou na pracinha, no fundo de um quintal ou mesmo em horta, mas que ela cresça! E nunca seja morta só por maldade ou cupidez mesquinha!
Com flor e fruto ou mesmo só folhagem, para compor o verde da paisagem, construindo um abrigo para as aves!
A árvore tem por si tanta beleza, em seus diversos tons fortes e suaves, que é um presente de Deus à Natureza!
A MEIA LARANJA Alfredo Santos Mendes
Senti meu coração alvoraçado, Bater desordenado no meu peito. Impávido fiquei! Fiquei sem jeito! Que raio o pôs assim em tal estado?
Olhei em meu redor, desconfiado. Senti-me desolado, contrafeito! Por não compreender, a causa efeito, Que o pusera a bater descontrolado!
Tive depois, a estranha sensação. Que me tinham aberto o coração, E dentro dele, alguém se aboletava!
Aos poucos o meu ser se aquietou. Pois percebeu, que o ser, que se alojou… Era a meia laranja que faltava!
O TEMPO Cema raizer Antecipando a noite O tempo se reverte Num pesadelo que fecha O Final de tarde.
De um intenso dia… Vento forte Batendo na janela As arvores lá fora.
Inclinando-se como seres Se escondem em si mesmas… Relâmpagos riscam E o céu veste cinza.
Pássaros em revoada Um estrondo me assusta É o trovão se dilui Pedras parecem rolar .
Entre as nuvens… Tudo se apaga E a hora é solitária…
Abro a janela e vejo a noite Desabar todas as lágrimas…
TÃO PERTO… E TÃO LONGE… Carolina Ramos
Andaste bem pertinho de minha alma! Tão perto, que cheguei a acreditar Quem desta vez, alguém teria a palma, De compreendê-la e dela se apossar!
Mas a aventura impôs-se em teu caminho, Equívoca, a impelir-te em rumo incerto… Partiste em busca de um banal carinho. Restou a dor de um sonho mal desperto!
Chamei por ti!… E a brisa, com desgosto, Murmurou confidente, ao meu ouvido: – Esquece, tola, que eu te enxugo o rosto… Deixa-o partir…o mais não tem sentido;
Se o adeus rouba o sorriso à tua boca, A saudade e a ventura são rivais! Deixa-o partir… Esquece… Esquece, louca! Outro virá… e há de querer-te mais!
As nossas muitas solidões
Sei que nós, os escritores e os poetas, gostamos de cultivar a solidão. É então ‘que tomamos conta das palavras, pegamos nelas como símbolos e atribuímos-lhe um sentido, construindo todo um outro mundo utópico ou transcendente, mas do qual participamos ao concebê-los com emoção, com prazer, com desgosto, com espanto, a às vezes com (uma só aparente) indiferença’. E depois, há sempre quem simplesmente se habitue a cultuar a solidão para nela melhor reviver as memórias dos momentos mais felizes que a vida lhe proporcionou, e assim mitigar a mágoa da sua saudade.
(…) “Por solidões sem fim vagueei, à hora Em que, maga das mágicas, a Lua Abre, nos céus, seu irreal alvor de aurora, A crueza das formas atenua,”
José Régio
Por solidões sem fim diz o Poeta ter vagueado. E fala da evasão espiritual que a noite trouxe à sua solidão, aproveitando a magia da lua que sempre lhe atenuou “a crueza das formas”.
Mas a solidão também tem muito a ver com a saudade… “Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o ser amado já…”
Aguinaldo Silva Não, não te direi adeus!
Não, não te direi adeus, só até logo Que um adeus é abandono, é desistência, e nada restará para lá dos grandes silêncios.
Não, não te direi adeus, quando a minha vontade é poder olhar-te a cada amanhecer.
Amanhã caminharei sozinho pela álea de ciprestes Mas não, não te direi adeus, só até logo, meu amor
Eugénio de Sá Resigna-te solidão
Porque escolhes, solidão As sombras do meu olhar Recolhe-te ao coração Que é lá o teu lugar.
Quero que ali sossegues C’o a batida sincopada Verás a dor que carregues Aquietar-se, mitigada.
Ouve esta mágoa cantada Que fala do teu pesar E aceita-a, resignada.
Dá-te paz, olha esse mar De mansidões temperado Cheira a maresia no ar …
Eugénio de Sá E com a mágoa do abandono…
Abandono ( Epístolas )
Mal me expus à ventura, logo a treva Voltou a me assombrar, implacável E fez que a pouca fé em mim proscreva.
Oh faustos da fortuna, quão instável É vosso rasto, e magro o vão sustento Que tudo torna em cousa deplorável.
Já que Eros veio nas asas do vento Turbilhonar em mim um fado antigo Expondo-me ao vazio e ao lamento.
Febricitante sou, triste exaurido Porque quem ama não sabe odiar Mesmo se desprezado e traído.
Tu que induziste em mim o verbo amar E da minh’alma metade te apossaste Toma d’ambrósia o dom de adocicar.
Eugénio de Sá Mia Couto assina estes versos:
Solidão
Aproximo-me da noite o silêncio abre os seus panos escuros e as coisas escorrem por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora em que me recolheria como um poente no bater do teu peito mas a solidão entra pelos meus vidros e nas suas enlutadas mãos solto o meu delírio
É então que surges com teus passos de menina os teus sonhos arrumados como duas tranças nas tuas costas guiando-me por corredores infinitos e regressando aos espelhos onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite trazem a sua esponja silenciosa e sem luz e sem tinta o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se com o caju que fermenta e a onda da madrugada demora-se de encontro às rochas do tempo Sobre a solidão escreveu Vinicius de Moraes:
Desesperança das desesperanças… Última e triste luz de uma alma em treva… — A vida é um sonho vão que a vida leva Cheio de dores tristemente mansas.
— É mais belo o fulgor do céu que neva Que os esplendores fortes das bonanças Mais humano é o desejo que nos ceva Que as gargalhadas claras das crianças.
Eu sigo o meu caminho incompreendido Sem crença e sem amor, como um perdido Na certeza cruel que nada importa.
Às vezes vem cantando um passarinho Mas passa. E eu vou seguindo o meu caminho Na tristeza sem fim de uma alma morta.
Cito ainda Rainer Maria Rilke:
Solidão
A solidão é como uma chuva. Ergue-se do mar ao encontro das noites; de planícies distantes e remotas sobe ao céu, que sempre a guarda.
E o céu tomba sobre a cidade. Cai como chuva nas horas ambíguas, quando todas as vielas se voltam para a manhã e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam; e quando aqueles que se odeiam têm de dormir juntos na mesma cama: então, a solidão vai com os rios…
Mas creia, caro leitor, que, das muitas solidões conhecidas, a pior de todas é aquela a que é votado quem ama e é ignorado pelo ser com quem vive e partilha a vida e a casa que é de dois;
Os sempre sós
Comum é, meu irmão, o sentimento De que vivemos sós, e a nós entregues E por muito que tentes, o teu alheamento Não mudará o fado que carregues
Ainda que a dois vivas, é tua a solidão Como será a d’outros, condenados A comerem sozinhos o seu pão Mesmo c’os alimentos partilhados.
E assim, a gente vive e se habitua Afivelando uns ares descontraídos que, convencidos, levamos para a rua.
Mas no silêncio sentimo-nos traídos Perdida a máscara, a gente fica nua Moendo a amargura dos sofridos.
2 comentarios en “POEMAS EM PORTUGUÉS”
Um a um todos estes poemas marcaram e encantaram minha alma e meu coração Difícil definir aquele que mais me tocou. Entao deixo aqui o meu carinho e admiração para cada um Amigo poeta
Manifesto-me encantado por ver a minha poesia tão bem acompanhada.
Os meus parabéns a quantos poetas participam nesta página, extensivos a Eunate Goikoetxea, que em tão boa hora os editou.
Um a um todos estes poemas marcaram e encantaram minha alma e meu coração Difícil definir aquele que mais me tocou. Entao deixo aqui o meu carinho e admiração para cada um Amigo poeta
Manifesto-me encantado por ver a minha poesia tão bem acompanhada.
Os meus parabéns a quantos poetas participam nesta página, extensivos a Eunate Goikoetxea, que em tão boa hora os editou.